quinta-feira, 22 de março de 2012

Alma de borboleta


Aconteceram duas coisas distintas hoje, mas igualmente interessantes a seu modo: A cerca de pouco mais de um mês, uma lagarta apareceu bem na porta da minha sala. Como não é exatamente um bicho bonito, pensei imediatamente em tirá-la de lá, mas quando percebi que ela estava se acomodando naquela fase de repouso como se dissesse “chegou a hora”, mudei de ideia. Em poucos dias já existia um casulo e durante algum tempo acompanhei dia-a-dia minha primeira experiência ocular de uma metamorfose. Ontem aconteceu: quando cheguei do trabalho, o casulo finalmente havia se rompido e lá estava ela, ainda meio desajeitada, se familiarizando com suas belas e recém apresentadas asas. Foi muito emocionante poder estar ali naquele exato momento... me senti privilegiada.

A noite, na faculdade, uma outra borboleta literalmente caiu em cima de mim, desta vez morta, mas ao mesmo tempo suave e delicada como se espera que seja...

A primeira se foi... a outra ainda está comigo.

A borboleta é repleta de simbolismos: libertação, transformação, morte e renascimento, alma,  individualidade... São muitos, baseados em diversas culturas diferentes, porém todos eles remetem a algo mágico, fantástico, misterioso. 

Não é pra menos, afinal não deve ser fácil estar pronto para enfrentar uma mudança tão intensa como a dela. Mas, será que ela realmente estava pronta?... Não há questionamentos ou dúvidas e, se pensamos bem, talvez seja esse o principal motivo para o sucesso. Ela simplesmente vai e faz o que tem que ser feito.

 A trajetória de nossa vida pode ser comparada ao processo da borboleta. Nascemos com certas características, passamos por situações que nos favorecem ao aprendizado e estamos sempre em busca de nos tornarmos melhores. Há, porém, um detalhe que nos distingue: o ciclo da borboleta tem início, meio e fim e assim que termina, ela parece estar feliz, com a sensação de dever cumprido. Conosco é diferente: estamos sempre em transformação. Uma mutação constante que nos faz ora voltar ao casulo, ora voarmos livres com nossas asas multicoloridas.

Me reconheço nesse processo. Muitas vezes me vi aprendendo a distinguir minhas limitações e potencialidades, buscando adaptação, voltando a mim mesma a procura de reflexão, tomando decisões, organizando ideias, me sentindo pronta para uma ação e – finalmente – conquistando a mudança que me faria melhor. Fases de uma vida inteira que vem e vão o tempo todo.

Aprender a voar significa ver o mesmo mundo sob uma nova perspectiva. Enxergar o local onde sempre esteve, agora de cima, com imensas e cintilantes asas coloridas, dominando a si próprio, céus e terra, contentes pela conquista de algo tão precioso quanto a liberdade.

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